O Santuário Israelita
Deus mostrou a Moisés um modelo do santuário e concedeu instruções precisas para que os filhos de Israel o construíssem (Ex 25:9), 40). Tais instruções incluíram orientações sobre as qualificações dos sacerdotes, bem como explicações detalhadas sobre os sacrifícios, ritos e cerimônias a serem realizados por eles. Através de diferentes tipos de sacrifícios, ensinava-se ao povo de Deus a malignidade do pecado (Lv 1-7). A morte dos animais revelava ao pecador que o perdão era concedido à custa de uma vítima inocente. Assim, o sacrifício ensinava o conceito de substituição. A vida do pecador era poupada porque o sangue de uma vida inocente – o animal sacrifical – era derramado no altar. Importante e indispensáveis no sistema de culto do santuário israelita eram os ritos realizados pelo sacerdote diariamente. Ao pecador permitia-se apenas impor a mão sobre o animal, confessar os pecados e sacrifica-lo sobre o altar. Os ritos subsequentes eram prerrogativas do sacerdote. A este cabia aplicar o sangue do animal sobre o altar ou, se necessário, leva-lo para dentro do santuário para aspergi-lo diante do véu e no altar de incenso. Ao ministrar no santuário, o sacerdote representava os pecadores diante de Deus, intercedendo por eles. Ensinava-se assim que o perdão dos pecados e a reconciliação com Deus só eram possíveis devido ao sacrifício e à mediação sacerdotal. Um aspecto importante dos ritos realizados no santuário era manipulação do sangue do sacrifício. A Bíblia nos informa que o sacerdote aplicava o sangue sacrifical no interior do primeiro compartimento do santuário, mais precisamente diante do véu que separava o Lugar Santo do Santíssimo e no altar de incenso que estava diante do mesmo véu. Este rito simbolizava a transferência dos pecados para o santuário. Notemos que no sacrifício sobre o altar, no pátio, Deus aceitava a vida do animal em lugar da vida do pecador, e este recebia perdão. Livre da culpa, o transgressor podia voltar para casa salvo e feliz. O pecado, porém era registrado no santuário mediante a aplicação do sangue sacrifical. Uma vez ao ano, no Dia da Expiação, o santuário deveria ser purificado dos pecados ali registrados (Lv 16). Dois bodes eram sorteados: um para o Senhor e outro para Azazel. O bode para o Senhor era sacrificado e seu sangue utilizado nos ritos de purificação do santuário. O bode para Azazel, porém, era mantido vivo no pátio do santuário. O sumo-sacerdote então adentrava o tabernáculo com o sangue do bode sacrificado, para realizar os ritos de purificação no Lugar Santíssimo e no Lugar Santo. Concluída a purificação do santuário, o sumo-sacerdote saía para o pátio e impunha as mãos sobre o bode para Azazel e confessava sobre ele os pecados do povo. Em seguida, o bode, carregando os pecados do povo, era despachado vivo para o deserto, onde era abandonado à própria sorte. O bode para Azazel representava o causador e originador dos pecados. Por isso sobre ele recaía a responsabilidade final pelas transgressões do povo. E ao ser o bode despachado para o deserto removia-se definitivamente os pecados do meio do acampamento israelita. Este era um rito de remoção e eliminação do pecado, e não um rito de expiação substitutiva, pois o bode para Azazel não era sacrificado. Livres agora da presença do pecado no santuário, os israelitas preparavam-se para Celebrar a Festa dos Tabernáculos, que começava cinco dias mais tarde, no dia quinze do sétimo mês. Assim, o santuário israelita, com seu sistema de ritos, sacrifícios e ministério sacerdotal, ensinava ao povo o plano da salvação. Todo este sistema de culto cerimonial prefigurava o sacrifício definitivo de Cristo no Calvário e sua obra em nosso favor como sumo-sacerdote no santuário celestial.
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