quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Estudo: Sistema de Sacrifícios parte 1/2

A entrada do pecado em um mundo perfeito, criado por Deus, marca a implementação do plano divino para a salvação dos seres humanos. Ali, no Jardim do Éden, Deus manifestou Sua graça ao cobrir a nudez de Adão e Eva com peles de animais (Gn 3:21) e estabeleceu um sistema de sacrifícios, mediante o qual através da morte de inocentes animais – o transgressor recebia perdão. Ensinava-se aos pecadores a malignidade do pecado e, ao mesmo tempo, a maravilhosa graça divina ao perdoar o pecador. Quanta tristeza devem ter sentido nossos primeiros pais após serem expulsos do Jardim do Éden. Como consequência de seu pecado, precisavam agora sacrificar as vítimas inocentes. Nos primórdios da história humana, cabia ao chefe da família liderar o Culto expiatório ao oferecer sacrifícios por si e pelos demais familiares. Este é o quadro que nos é apresentado nas histórias patriarcais de Noé (Gn 8:20) e Abraão (Gn 12:7), por exemplo. Contudo, mais tarde, após a estada dos descendentes de Jacó no Egito, agora denominados filhos de Israel tornou-se necessário um sistema mais elaborado para ensinar ao povo de Deus as grandes lições do plano da Salvação e prefigurar a obra salvadora de Jesus Cristo. Deus ordenou que os israelitas construíssem um santuário.
O Santuário Israelita
Deus mostrou a Moisés um modelo do santuário e concedeu instruções precisas para que os filhos de Israel o construíssem (Ex 25:9), 40). Tais instruções incluíram orientações sobre as qualificações dos sacerdotes, bem como explicações detalhadas sobre os sacrifícios, ritos e cerimônias a serem realizados por eles. Através de diferentes tipos de sacrifícios, ensinava-se ao povo de Deus a malignidade do pecado (Lv 1-7). A morte dos animais revelava ao pecador que o perdão era concedido à custa de uma vítima inocente. Assim, o sacrifício ensinava o conceito de substituição. A vida do pecador era poupada porque o sangue de uma vida inocente – o animal sacrifical – era derramado no altar. Importante  e indispensáveis no sistema de culto do santuário israelita eram os ritos realizados pelo sacerdote diariamente. Ao pecador permitia-se apenas impor a mão sobre o animal, confessar os pecados e sacrifica-lo sobre o altar. Os ritos subsequentes eram prerrogativas do sacerdote. A este cabia aplicar o sangue do animal sobre o altar ou, se necessário, leva-lo para dentro do santuário para aspergi-lo diante do véu e no altar de incenso. Ao ministrar no santuário, o sacerdote representava os pecadores diante de Deus, intercedendo por eles. Ensinava-se assim que o perdão dos pecados  e a reconciliação com Deus só eram possíveis devido ao sacrifício e à mediação sacerdotal. Um aspecto importante dos ritos realizados no santuário era manipulação do sangue do sacrifício. A Bíblia nos informa que o sacerdote aplicava o sangue sacrifical no interior do primeiro compartimento do santuário, mais precisamente diante do véu que separava o Lugar Santo do Santíssimo e no altar de incenso que estava diante do mesmo véu. Este rito simbolizava a transferência dos pecados para o santuário. Notemos que no sacrifício sobre o altar, no pátio, Deus aceitava a vida do animal em lugar da vida do pecador, e este recebia perdão. Livre da culpa, o transgressor podia voltar para casa salvo e feliz. O pecado, porém era registrado no santuário mediante a aplicação do sangue sacrifical. Uma vez ao ano, no Dia da Expiação, o santuário deveria ser purificado dos pecados ali registrados (Lv 16). Dois bodes eram sorteados: um para o Senhor e outro para Azazel. O bode para o Senhor era sacrificado e seu sangue utilizado nos ritos de purificação do santuário. O bode para Azazel, porém, era mantido vivo no pátio do santuário. O sumo-sacerdote então adentrava o tabernáculo com o sangue do bode sacrificado, para realizar os ritos de purificação no Lugar Santíssimo e no Lugar Santo. Concluída a purificação do santuário, o sumo-sacerdote saía para o pátio e impunha as mãos sobre o bode  para Azazel e confessava sobre ele os pecados do povo. Em seguida, o bode, carregando os pecados do povo, era despachado vivo para o deserto, onde era abandonado à própria sorte. O bode para Azazel representava o causador e originador dos pecados. Por isso sobre ele recaía a responsabilidade final pelas transgressões do povo. E ao ser o bode despachado para o deserto removia-se definitivamente os pecados do meio do acampamento israelita. Este era um rito de remoção e eliminação do pecado, e não um rito de expiação substitutiva, pois o bode para Azazel não era sacrificado. Livres agora da presença do pecado no santuário, os israelitas preparavam-se para Celebrar a Festa dos Tabernáculos, que começava cinco dias mais tarde, no dia quinze do sétimo mês. Assim, o santuário israelita, com seu sistema de ritos, sacrifícios e ministério sacerdotal, ensinava ao povo o plano da salvação. Todo este sistema de culto cerimonial prefigurava o sacrifício definitivo de Cristo no Calvário e sua obra em nosso favor como sumo-sacerdote no santuário celestial.

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