quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Salmos 104: É um salmo de sabedoria, é também um salmo de criação

SALMOS 104:1-35
1 Bendiga o Senhor a minha alma! Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso! Estás vestido de majestade e esplendor!
2 Envolto em luz como numa veste, ele estende os céus como uma tenda,
3 e põe sobre as águas dos céus as vigas dos seus aposentos. Faz das nuvens a sua carruagem
e cavalga nas asas do vento.
4 Faz dos ventos seus mensageiros e dos clarões reluzentes seus servos.
5 Firmaste a terra sobre os seus fundamentos para que jamais se abale;
6 com as torrentes do abismo a cobriste, como se fossem uma veste; as águas subiram acima dos montes.
7 Diante das tuas ameaças as águas fugiram, puseram-se em fuga ao som do teu trovão;
8 subiram pelos montes e escorreram pelos vales, para os lugares que tu lhes designaste.
9 Estabeleceste um limite que não podem ultrapassar; jamais tornarão a cobrir a terra.
10 Fazes jorrar as nascentes nos vales e correrem as águas entre os montes;
11 delas bebem todos os animais selvagens, e os jumentos selvagens saciam a sua sede.
12 As aves do céu fazem ninho junto às águas e entre os galhos põem-se a cantar.
13 Dos teus aposentos celestes regas os montes; sacia-se a terra com o fruto das tuas obras!
14 É o Senhor que faz crescer o pasto para o gado, e as plantas que o homem cultiva, para da terra tirar o alimento:
15 o vinho, que alegra o coração do homem; o azeite, que lhe faz brilhar o rosto, e o pão, que sustenta o seu vigor.
16 As árvores do Senhor são bem regadas, os cedros do Líbano que ele plantou;
17 nelas os pássaros fazem ninho, e nos pinheiros a cegonha tem o seu lar.
18 Os montes elevados pertencem aos bodes selvagens, e os penhascos são um refúgio para os coelhos.
19 Ele fez a lua para marcar estações; o sol sabe quando deve se pôr.
20 Trazes trevas, e cai a noite, quando os animais da floresta vagueiam.
21 Os leões rugem à procura da presa, buscando de Deus o alimento,
22 mas ao nascer do sol eles se vão e voltam a deitar-se em suas tocas.
23 Então o homem sai para o seu trabalho, para o seu labor até o entardecer.
24 Quantas são as tuas obras, Senhor! Fizeste todas elas com sabedoria! A terra está cheia de seres que criaste.
25 Eis o mar, imenso e vasto. Nele vivem inúmeras criaturas, seres vivos, pequenos e grandes.
26 Nele passam os navios, e também o Leviatã, que formaste para com ele brincar.
27 Todos eles dirigem seu olhar a ti, esperando que lhes dês o alimento no tempo certo;
28 tu lhes dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e saciam-se de coisas boas.
29 Quando escondes o rosto, entram em pânico; quando lhes retiras o fôlego, morrem e voltam ao pó.
30 Quando sopras o teu fôlego, eles são criados, e renovas a face da terra.
31 Perdure para sempre a glória do Senhor! Alegre-se o Senhor em seus feitos!
32 Ele olha para a terra, e ela treme; toca os montes, e eles fumegam.
33 Cantarei ao Senhor toda a minha vida; louvarei ao meu Deus enquanto eu viver.
34 Seja-lhe agradável a minha meditação, pois no Senhor tenho alegria.
35 Sejam os pecadores eliminados da terra e deixem de existir os ímpios. Bendiga o Senhor a minha alma! Aleluia!
COMENTÁRIOS:
104.1,2 — Deus é Espírito (Jo 4-24), e as descrições de Sua pessoa variam em toda a Bíblia. Uma forte descrição dele é luz (1 Jo 1.5). Aqui, a luz é descrita como a veste que adorna a Sua glória. O primeiro ato de Deus em Gênesis foi dar ordem para que fosse feita a luz (Gn 1.3).
104.3,4 — Os vigamentos das suas câmaras. Com estas palavras poéticas, o salmista alude à morada celestial de Deus, lugar muito além da compreensão humana. Faz das nuvens o seu carro. Os idólatras falavam coisas parecidas sobre Baal. O salmista despe Baal destas honrarias para dá-las ao Deus vivo (Sl 93). Os anjos, seres espirituais, podem aparecer como chamas de fogo (Is 6.2).
104.5-7 — Lançou os fundamentos da terra é uma forma poética de descrever como Deus criou os céus e a terra. Abismo é o mesmo termo empregado em Gênesis 1.2. A tua repreensão. O poeta relembra que Deus fez subir a terra seca da água, em Gênesis 1.9,10. A voz de Deus é geralmente tratada como repreensão ou trovão.
104.8,9 — Limite é um tema comum na literatura de sabedoria (Pv. 8.29). O controle de Deus sobre a turbulência das águas (Sl 93) prova que Ele, não Baal, é o verdadeiro Soberano.
104.10-13 — Nascentes. Saindo da exaltação dos versículos 1-9, o poema, diminuindo de tom, chega às nascentes dos vales e aos jumentos que bebem delas. Tudo é pacífico, agradável e sob a proteção maravilhosa do Senhor Deus (Sl 147.8).
104.11-15 — E a verdura. A base desta parte é Génesis 1.11-13, os atos criativos de Deus no terceiro dia. Aqui, o salmista menciona o verdadeiro objetivo da criação de Deus: atender às carências do ser humano. Vinho, azeite e pão — gêneros de primeira necessidade em Israel — são bênçãos de Deus que enriquecem a vida.
104.16-18 — Árvores e montes desempenham importante papel na ecologia para a vida animal. A obediência cristã a esses versículos inclui o cuidado com o habitat dos animais e o meio ambiente. Nessas coisas, Deus tem prazer; como podemos ignorá-las?
104.19 — Estações. Aqui, são repassados os acontecimentos do quarto dia da criação (Gn 1.14-19). A mensagem é a de que Deus estabeleceu os diversos padrões da vida terrena.
104.20-24 — Os sábios escritores hebreus olhavam o mundo com admiração e reverência, pois ele refletia a sabedoria de seu Criador.
104.25,26 — As referências ao mar nos Salmos geralmente são feitas a partir do contexto do ideário cananeu. Os cananeus diziam que Baal controlava os poderosos deuses marítimos. Mas o salmista declara, em face deste despropósito, que foi Deus quem criou as águas e tudo que nelas existe — até mesmo Leviatã, o grande monstro marinho (Jó 41).
104.27-30 — Todos esperam. Toda a criação depende do Senhor para nascer, viver e sobreviver. Até mesmo a morte é controlada pelo Soberano de tudo.
104.31 — Deus continua a alegrar-se por Seu trabalho na criação da terra (Pv 8.30,31). O Senhor achou Sua criação boa desde o começo (Gn 1.31) e continua a agradar-Se dela.
104.32-35 — A minha meditação. O poeta quer agir adequadamente em face da criação de Deus. Bendize ao Senhor como que ecoa o começo do salmo (v. 1).


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