domingo, 3 de junho de 2018

Salmos 109: Um salmo de lamentação.

SALMOS 109:1-31
1 Ó Deus, a quem louvo, não fiques indiferente,
2 pois homens ímpios e falsos dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito.
3 Eles me cercaram com palavras carregadas de ódio; atacaram-me sem motivo.
4 Em troca da minha amizade eles me acusam, mas eu permaneço em oração.
5 Retribuem-me o bem com o mal, e a minha amizade com ódio.
6 Designe-se um ímpio para ser seu oponente; à sua direita esteja um acusador.
7 Seja declarado culpado no julgamento, e que até a sua oração seja considerada pecado.
8 Seja a sua vida curta, e outro ocupe o seu lugar.
9 Fiquem órfãos os seus filhos e viúva a sua esposa.
10 Vivam os seus filhos vagando como mendigos, e saiam rebuscando o pão longe de suas casas em ruínas.
11 Que um credor se aposse de todos os seus bens, e estranhos saqueiem o fruto do seu trabalho.
12 Que ninguém o trate com bondade nem tenha misericórdia dos seus filhos órfãos.
13 Sejam exterminados os seus descendentes e desapareçam os seus nomes na geração seguinte.
14 Que o Senhor se lembre da iniquidade dos seus antepassados, e não se apague o pecado de sua mãe.
15 Estejam os seus pecados sempre perante o Senhor, e na terra ninguém jamais se lembre da sua família.
16 Pois ele jamais pensou em praticar um ato de bondade, mas perseguiu até à morte o pobre, o necessitado e o de coração partido.
17 Ele gostava de amaldiçoar: venha sobre ele a maldição! Não tinha prazer em abençoar: afaste-se dele a bênção!
18 Ele vestia a maldição como uma roupa: entre ela em seu corpo como água e em seus ossos como óleo.
19 Envolva-o como um manto e aperte-o sempre como um cinto.
20 Assim retribua o Senhor aos meus acusadores, aos que me caluniam.
21 Mas tu, Soberano Senhor, intervém em meu favor, por causa do teu nome. Livra-me, pois é sublime o teu amor leal!
22 Sou pobre e necessitado e, no íntimo, o meu coração está abatido.
23 Vou definhando como a sombra vespertina; para longe sou lançado, como um gafanhoto.
24 De tanto jejuar os meus joelhos fraquejam e o meu corpo definha de magreza.
25 Sou objeto de zombaria para os meus acusadores; logo que me veem, meneiam a cabeça.
26 Socorro, Senhor, meu Deus! Salva-me pelo teu amor leal!
27 Que eles reconheçam que foi a tua mão, que foste tu, Senhor, que o fizeste.
28 Eles podem amaldiçoar, tu, porém, me abençoas. Quando atacarem, serão humilhados, mas o teu servo se alegrará.
29 Sejam os meus acusadores vestidos de desonra; que a vergonha os cubra como um manto.
30 Em alta voz, darei muitas graças ao Senhor; no meio da assembleia eu o louvarei,
31 pois ele se põe ao lado do pobre para salvá-lo daqueles que o condenam.
COMENTÁRIO:
O Salmo 109, um salmo de lamentação, fala particularmente dos inimigos do salmista. O poema, portanto, pode ser visto também como salmo imprecatório. Sua estrutura é: (1) clamor a Deus para que não Se cale ante os ataques dos inimigos do salmista (v. 1-5); (2) rogo a Deus para que julgue os ímpios (v. 6-20); (3) clamor a Deus para que venha socorrer os inocentes (v. 21-29); (4) determinação em louvar ao Senhor (v. 30,31).
109.1-3 — O clamor não te cales é característica comum nos salmos de lamentação. Pelejaram contra mim sem causa. O salmista declara sua inocência e alega que seus inimigos pagaram suas orações com o mal e seu amor com o ódio.
109.4-8 — Põe acima dele um ímpio. O salmo assume aqui um tom decididamente agressivo e negativo. Em especial, parece dura a imprecação de que a esposa de um inimigo se torne viúva empobrecida, e os seus filhos, mendigos. Todavia, muito embora o salmista dirija tão terríveis petições ao Senhor, não procura fazer justiça pelas próprias mãos. Pode se sentir altamente compelido a desabafar sua ira com palavras, mas entende que a vingança propriamente dita pertence ao Senhor. Outro tome o seu ofício. Estas palavras (assim como as de SI 69.25) são citadas em Atos 1.20 como tendo sido cumpridas, com a substituição de Judas Iscariotes entre os apóstolos.
109.9-16 — Esteja na memória do Senhor a iniquidade de seus pais. Embora as palavras do salmista possam ainda parecer extremamente hostis, aqui ele está meramente pedindo a Deus para que as atitudes de seus inimigos sejam por Ele julgadas. O necessitado não é apenas aquele que não dispõe de riqueza, mas também o desprotegido
e indefeso.
109.17-21 — O poeta pede a Deus uma ação que espelhe Seu nome, sempre associado à justiça (Sl 23.3). Apela à misericórdia, ou benignidade, de Deus. O poeta se considera um invólucro humano vazio e desgastado, tal como em SI 22.6-8. A veemência dos ataques do salmista sobre seus inimigos pode ser explicada, em parte, pela intensidade da própria aflição, descrita nestes versículos.
109.22-27 — Para que saibam. Mesmo no forte estado emocional em que se encontra, ele quer que o nome de Deus seja resguardado, proclamado e honrado. Os Salmos sempre levam ao louvor a Deus, mesmo em situações profundamente desesperadoras.
109.28-31 — O poeta se propõe a continuar louvando pelo socorro, que sabe que virá do Senhor. Este voto de louvar é típico de muitos dos salmos. Pois se porá à direita do pobre. Veja em Salmos 142.4 uma descrição de Deus como escudo à mão direita da pessoa.

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