quarta-feira, 4 de maio de 2016

Dicas de economia: A Economia na Bíblia - Dinheiro part. 2/2

CUIDADO COM A AVAREZA 
A bíblia não nos apresenta um conjunto de instruções para o enriquecimento. Podemos enriquecer, mas este não é um propósito colocado pela palavra de Deus para nós, como se fosse um alvo em nossas vidas. Por outro lado, encontramos nas Escrituras sérias advertências contra a ganância financeira. Muitos tomam Abraão como modelo, querendo ser ricos como ele, mas essas mesmas pessoas (sendo homens) não querem ser circuncidados como ele foi. A riqueza e a circuncisão de Abraão não são padrões para nós.  Muitos querem riqueza, mas fazer a oração de Agur ninguém quer:  “Duas coisas te peço; não mas negues, antes que morra: Alonga de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me só o pão que me é necessário; para que eu de farto não te negue, e diga: Quem é o Senhor? ou, empobrecendo, não venha a furtar, e profane o nome de Deus.” (Pv.30.7-9). De fato, a experiência de Agur é dele, assim como a riqueza de Abraão não é, necessariamente, nosso modelo. O que precisamos é saber o propósito específico de Deus para cada um de nós, e não querer copiar personagens bíblicos ao nosso bel-prazer.  Israel recebeu, no Antigo Testamento, promessas com ênfase material e o resultado disso pode ser visto ainda hoje naquela nação. A igreja, porém, tem uma ênfase espiritual. O Novo Testamento enfatiza as riquezas espirituais, tesouros no céu e não na terra (Mt.19.21; Mt.6.19-21). O reino de Israel é deste mundo, mas a igreja não. O dinheiro é importante e necessário, mas, quando perdemos o controle sobre ele, seja na escassez ou na abundância, podemos ter grandes problemas. É o que acontece com o fogo em nossas casas. Precisamos dele, mas sua utilidade só existe enquanto estiver controlado. O mundo é movido a dinheiro, mas o servo de Deus não pode ser. Precisamos ser movidos pela fé e pelo amor. O dinheiro torna-se então um instrumento apenas. Na parábola do semeador, Jesus disse que uma parte da semente caiu entre os espinhos, que cresceram e sufocaram-na (Mt.13.22). Este é o caso daqueles que foram seduzidos pelas riquezas. O resultado foi a perdição para suas almas, pois a semente da palavra de Deus não frutificou em suas vidas. De fato, Cristo ensinou que dificilmente entrará um rico no reino dos céus, pois a avareza é idolatria (Mt.19.23; Col.3.5). Nem todo rico é avarento, assim como nem todo político é corrupto, mas as evidências são desanimadoras. A riqueza não é proibida para o cristão, mas trata-se de um terreno minado. Paulo disse a Timóteo: “Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar; tendo, porém, alimento e vestuário, estejamos com isso contentes. Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (ITm.6.7-11).  O Senhor haverá de suprir todas as nossas necessidades, e haveremos de louvá-lo por isso. Se ele nos der mais (ou muito mais do que isso), ficaremos gratos também, mas o cristão deve estar disposto a servir a Deus e adorá-lo, mesmo no tempo da escassez, conforme Habacuque nos ensinou (Hab.3.17-18). Quando o valor do dinheiro é colocado acima do valor humano, o fruto dessa distorção será inveja, inimizade, contenda, ódio e morte. Para evitar o pagamento de uma pensão alimentícia, há quem recorra ao aborto e ao homicídio. O interesse financeiro é também um importante ingrediente na explosão das guerras.  O cristão não pode amar o dinheiro (Ec.5.10; 7.12; 10.19). “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt.6.24). Por esta causa, o jovem rico deu as costas a Jesus e foi embora (Mt.19.22). O que deveria ser um simples recurso material tornou-se um deus, um ídolo.  Se você tem algum dinheiro, domine-o. Não seja dominado por ele. Usufrua com sabedoria. Não ajunte tesouros na terra (Mt.6.19-21). Este é o ensinamento do nosso Senhor Jesus Cristo.
COMBATA A AVAREZA COM A GENEROSIDADE. 
Jesus e os apóstolos nunca foram ricos materialmente, mas, nas igrejas do Novo Testamento, havia, eventualmente, algumas pessoas com situação financeira abastada. Paulo advertiu que os cristãos ricos não deveriam colocar sua confiança nas riquezas, pois elas poderiam acabar, mas deveriam confiar no Senhor (ITm.6.17; Sl.62.10). Dinheiro é necessário e importante, mas não é o principal em nossas vidas. Ele pode estar no bolso, mas nunca no coração. O antídoto contra a avareza é a generosidade. Contribua com a obra de Deus e com os necessitados. Não podemos fazer uma coisa e esquecer a outra.
NÃO COLOQUE O CRISTIANISMO A SERVIÇO DO MATERIALISMO. 
Na época do ministério terreno de Jesus, alguns já queriam colocá-lo a serviço da cobiça humana, mas ele não aceitou a incumbência (Lc.12.13-34). Não podemos usar a bíblia, o ministério e a vida cristã como fonte de lucro material (ITm.6.5). O obreiro é digno do seu salário, mas o evangelho não tem o propósito de enriquecer ninguém. Ser pobre não é pecado. Não podemos vender a bênção de Deus, como Balaão (Jd.11) (embora ele quisesse vender maldição). Por esta causa, seu ministério profético acabou. Também não podemos comprar a bênção, como queria Elimas, o mágico. A esse respeito, disse-lhe Pedro: “Seja teu dinheiro contigo para a perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus” (At.8.20). Ofertas não compram a bênção. Tentar fazê-lo é profanação e ofensa. Deus não faz comércio com seus filhos. Devemos ofertar para agradar a Deus, deixando que ele nos abençoe como quiser e quando quiser. A contribuição motivada por interesse é demonstração de egoísmo disfarçado de espiritualidade. Não podemos abrir mão de valores espirituais em troca de dinheiro, como fez Judas Iscariotes que, por 30 moedas de prata, vendeu o Senhor Jesus. Se algum servo de Deus ainda quiser ser rico, pode trabalhar por isso e, se Deus permitir, poderá alcançar seu objetivo. Ser rico não é pecado. O que não podemos é colocar a riqueza como efeito necessário do evangelho na vida dos convertidos. Isto é heresia. O servo de Deus precisa estar disposto a perder tudo por Jesus, se for preciso, inclusive a própria vida. Os apóstolos foram homens prósperos, pois o seu trabalho foi bem sucedido. O evangelho que anunciaram alcançou os confins da terra, chegando até nós. Eles não possuíam grandes quantias em dinheiro. Não tinham ouro nem prata, conforme disse Pedro ao aleijado, mas eram revestidos do poder de Deus (At.3.6). A verdadeira prosperidade foi a marca de suas vidas.
PARALELO ENTRE AS FINANÇAS E A ESPIRITUALIDADE. 
A bíblia utiliza questões econômicas como figura da realidade espiritual. Ofensa e dívida são quase sinônimos. “Perdoa as nossas dívidas (ofensas) assim como nós perdoamos aos nossos devedores (a quem nos tem ofendido)” (Mt.6). O pecado é a grande dívida do homem perante Deus. Jesus assumiu o papel de nosso fiador diante do Pai (Heb.7.22). Como nós não tínhamos como pagar a dívida, ele pagou com o seu sangue e nós fomos perdoados.
SENHORIO E MORDOMIA 
Precisamos estar conscientes de que toda prata e todo ouro pertencem a Deus (Ag.2.8). Os “donos” de grandes fortunas morrem, deixando aqui a prata e o ouro. Da mesma forma, o dinheiro que, teoricamente possuímos, pertence ao Senhor. Somos mordomos e devemos prestar contas. Afinal, nós mesmos lhe pertencemos.
Autor: Anísio Renato de Andrade

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