sexta-feira, 2 de março de 2018

Salmos 106: Salmo de Sabedoria

SALMOS 106:1-48
1 Aleluia! Deem graças ao Senhor porque ele é bom; o seu amor dura para sempre.
2 Quem poderá descrever os feitos poderosos do Senhor, ou declarar todo o louvor que lhe é devido?
3 Como são felizes os que perseveram na retidão, que sempre praticam a justiça!
4 Lembra-te de mim, Senhor, quando tratares com bondade o teu povo; vem em meu auxílio quando o salvares,
5 para que eu possa testemunhar o bem-estar dos teus escolhidos, alegrar-me com a alegria do teu povo e louvar-te com a tua herança.
6 Pecamos como os nossos antepassados; fizemos o mal e fomos rebeldes.
7 No Egito, os nossos antepassados não deram atenção às tuas maravilhas; não se lembraram das muitas manifestações do teu amor leal e rebelaram-se junto ao mar, o mar Vermelho.
8 Contudo, ele os salvou por causa do seu nome, para manifestar o seu poder.
9 Repreendeu o mar Vermelho, e este secou; ele os conduziu pelas profundezas como por um deserto.
10 Salvou-os das mãos daqueles que os odiavam; das mãos dos inimigos os resgatou.
11 As águas cobriram os seus adversários; nenhum deles sobreviveu.
12 Então creram nas suas promessas e a ele cantaram louvores.
13 Mas logo se esqueceram do que ele tinha feito e não esperaram para saber o seu plano.
14 Dominados pela gula no deserto, puseram Deus à prova nas regiões áridas.
15 Deu-lhes o que pediram, mas mandou sobre eles uma doença terrível.
16 No acampamento tiveram inveja de Moisés e de Arão, daquele que fora consagrado ao Senhor.
17 A terra abriu-se, engoliu Datã e sepultou o grupo de Abirão;
18 fogo surgiu entre os seus seguidores; as chamas consumiram os ímpios.
19 Em Horebe fizeram um bezerro, adoraram um ídolo de metal.
20 Trocaram a Glória deles pela imagem de um boi que come capim.
21 Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que fizera coisas grandiosas no Egito,
22 maravilhas na terra de Cam e feitos temíveis junto ao mar Vermelho.
23 Por isso, ele ameaçou destruí-los; mas Moisés, seu escolhido, intercedeu diante dele, para evitar que a sua ira os destruísse.
24 Também rejeitaram a terra desejável; não creram na promessa dele.
25 Queixaram-se em suas tendas e não obedeceram ao Senhor.
26 Assim, de mão levantada, ele jurou que os abateria no deserto
27 e dispersaria os seus descendentes entre as nações e os espalharia por outras terras.
28 Sujeitaram-se ao jugo de Baal-Peor e comeram sacrifícios oferecidos a ídolos mortos;
29 provocaram a ira do Senhor com os seus atos, e uma praga irrompeu no meio deles.
30 Mas Fineias se interpôs para executar o juízo, e a praga foi interrompida.
31 Isso lhe foi creditado como um ato de justiça que para sempre será lembrado, por todas as gerações.
32 Provocaram a ira de Deus junto às águas de Meribá; e, por causa deles, Moisés foi castigado;
33 rebelaram-se contra o Espírito de Deus, e Moisés falou sem refletir.
34 Eles não destruíram os povos, como o Senhor tinha ordenado,
35 em vez disso, misturaram-se com as nações e imitaram as suas práticas.
36 Prestaram culto aos seus ídolos, que se tornaram uma armadilha para eles.
37 Sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios.
38 Derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas sacrificados aos ídolos de Canaã;
e a terra foi profanada pelo sangue deles.
39 Tornaram-se impuros pelos seus atos; prostituíram-se por suas ações.
40 Por isso acendeu-se a ira do Senhor contra o seu povo e ele sentiu aversão por sua herança.
41 Entregou-os nas mãos das nações, e os seus adversários dominaram sobre eles.
42 Os seus inimigos os oprimiram e os subjugaram com o seu poder.
43 Ele os libertou muitas vezes, embora eles persistissem em seus planos de rebelião e afundassem em sua maldade.
44 Mas Deus atentou para o sofrimento deles quando ouviu o seu clamor.
45 Lembrou-se da sua aliança com eles, e arrependeu-se, por causa do seu imenso amor leal.
46 Fez com que os seus captores tivessem misericórdia deles.
47 Salva-nos, Senhor, nosso Deus! Ajunta-nos dentre as nações, para que demos graças ao teu santo nome e façamos do teu louvor a nossa glória.
48 Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, por toda a eternidade. Que todo o povo diga: "Amém!"
Aleluia!
COMENTÁRIOS
O Salmo 106, um salmo de sabedoria, repete boa parte da história repassada no Salmo 105. Estes poemas formam uma dupla, mas têm perspectivas diferentes. O Salmo 106 ressalta a rebelião do povo, apesar da bondade incansável de Deus. Enquanto o Salmo 105 trata de recordação, o 106 cuida do esquecimento — mais exatamente, o esquecimento do povo de Deus de Suas misericórdias. Este é um salmo de louvor (como o 105) porque conclama a louvar a Deus, apesar da memória curta de Seu povo. A estrutura do Salmo 106 é: (1) chamado para louvar a Deus (v. 1); (2) relato do estado da geração de então (v. 2-15); (3) recitação das obras de Deus em favor das gerações futuras (v. 16-43); (4) apelo final (v. 44-47); (5) palavras de adoração, que concluem o livro IV de Salmos (v. 48).
106.1-5 — Louvai ao Senhor. As palavras do versículo 1 e a referência geral a louvores do versículo 2 relacionam este poema ao Salmo 105. formando uma dupla (Sl 105.1,2). Provavelmente, ambos os salmos foram escritos pelo mesmo poeta e para uso conjunto, já que este também trata do tema da lembrança. Lembra-te de mim. Parece ser uma oração pessoal baseada no relato da história de Israel no salmo anterior.
106.6 — Nós pecamos como os nossos pais. A confissão de pecado chega sem aviso. Trata-se também de um salmo de penitência comunitária. A conexão da geração daquela época com os pecados de seus pais é angustiante. Teria a geração da época que sofrer os infortúnios e juízos que Deus fizera recair sobre seus ancestrais?
106.7-12 — Deus sabia que o Seu povo abandonaria a fidelidade por várias vezes, e ainda assim Ele os salvou por amor do seu nome. O cruzamento das águas do mar Vermelho não é mencionado no Salmo 105, mas foi incluído aqui. Então creram. O povo vivia perdendo a confiança em Deus; mas tinha momentos de fé repentina verdadeira e realizava sinceros atos de louvor.
106.13-16 — Cedo, porém, se esqueceram. Estas palavras logo contrastam de forma dramática com a ênfase do Salmo 105, o que pode indicar que os dois salmos foram realmente escritos pelo mesmo poeta e destinados a formar uma dupla.
Satisfez-lhes o desejo. Deus, por várias vezes, doou ao povo o que o povo achava que queria— mas, juntamente com a dádiva, vinha o juízo de seu pecado.
106.17 — A rebelião de Datã e Abirão é contada em Números 16.
106.18-23 — A narrativa sobre o bezerro de ouro está registrada em Êxodo 32. Converteram a sua glória. O povo aceitou trocar o Deus vivo pela imagem de um novilho.
106.24 — O fato de terem desprezado a terra aprazível é visto como produto da descrença e da rejeição da boa dádiva de Deus. O juízo de Deus (Nm 13; 14) foi totalmente merecido.
106.25-30 — Baal-Peor se refere ao incidente contado em Números 25, depois do encontro de Balaão e Baraque em Moabe. Porém, este salmo acrescenta um novo detalhe à história: a ingestão de sacrifícios feitos para os mortos ou em adoração a estes, de culto pagão. Por esse motivo, Fineias, um dos grandes promotores de Deus no Antigo Testamento, é celebrado neste salmo. Assim como a fé de Abraão era atribuída à sua retidão (Gn 15.6), o mesmo aconteceu com a atitude de Fineias (Nm 25).
106.31-33 — Águas da contenda refere-se a Meribá (SI 95.8; Nm 20.1-13). Aqui, o pecado atribuído a Moisés é o de haver falado imprudentemente. Em Números 20.12, Deus identifica o pecado de Moisés exatamente como o de O haver desonrado perante o povo por não confiar nele. Ao não seguir a ordem do Senhor para falar à rocha, Moisés serviu de exemplo, ante toda a comunidade ali presente, de desobediência e desrespeito às Suas ordens, desmoralizando-o.
106.34-39 — O juízo de Deus sobre Israel em Canaã foi resultado da má vontade dos israelitas em destruir os povos pervertidos, pagãos. Se os cananeus tivessem sido expulsos da terra, o povo de Israel jamais teria sucumbido à idolatria que marcou sua existência por centenas de anos. Os israelitas, pelo contrário, aprenderam a reverenciar os ídolos cananeus; participaram dos piores ritos da religião deles e se corromperam perante Deus, o Redentor.
106.40-46 — A ira do Senhor deve ser considerada no contexto de Sua misericórdia e complacência de longo prazo. A rebeldia diante de Suas bênçãos abundantes já existia há muito tempo, quando Deus, por fim, ficou irado. Todavia, mesmo em meio à Sua ira, Sua natureza misericordiosa mostrou-se evidente. Deus continuou fiel o Seu povo, mesmo enquanto ele ainda o desafiava.
106.47 — O apelo salva-nos está ligado às palavras Senhor, nosso Deus. Embora o povo tenha perdido sua fé, o Senhor ainda era o seu Deus. Se retornassem a Ele, encontrariam abrigo em Sua misericórdia e uma promessa de, um dia, conquistarem a vitória.
106.48 — Bendito seja o Senhor, Deus de Israel. Este versículo é um acréscimo ao Salmo 106, constituindo a conclusão do livro IV de Salmos. E um belo chamado litúrgico para que todo o povo bendiga a Deus.

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